sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Baggio, 94, Senna e Double You

A seleção brasileira de 1994 foi a melhor de todos os tempos. E tudo era uma loucura naquele ano: as pessoas ficavam alucinadas a cada vitória do time brasileiro. As ruas paravam e as comemorações duravam mais de 24 horas. Havia muita gente bêbada e largada nas avenidas - pouquíssimas brigas. Eu ainda era pequeno na época. Tinha uns 7,8 anos. Mas a alegria também contagiava as crianças. Enfim, era diferente. Para esticar a alegria, meu pai levava todos nós para Paulista dar um rolê de carro, abrir os vidros e erguer a bandeira nacional com orgulho ao final de cada partida. No início da noite, para dar aquele climinha lounge, as rádios tocavam "She's Beautiful" do Double You. Nunca irei me esqueçer. O vocalista era um italiano com cara de chileno que imitava o Morrissey e fazia covers bem picaretas do David Bowie e do Blondie. Figurinha carimbada em todos os finais de semana em programas como Xuxa Park e no Domingão do Faustão. Com tanta cultura pop é lógico que o cara às vezes acertava.

Mas oque realmente tornou aqueles tempos inesquecíveis, foi que o povo parecia exorcizar todos os males à cada vitória brasileira. Dias atrás o povo tinha perdido um herói nacional, Ayrton Senna, e em todos os dias de jogos parecia gritar à cada gol para tirar aquela angústia entalada de ter perdido um grande motivo de alegria.

E então chegou o dia. Rose Bowl Stadium, Los Angeles, EUA. Dia 17 de julho de 94. Final da Copa do Mundo entre Brasil e Itália. Quem vencesse o duelo, se tornaria o país com o maior número de títulos mundiais: quatro. Após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação, o tetracampeonato seria decidido nos pênaltis. Na quinta cobrança italiana, bola nos pés de Roberto Baggio, o então melhor jogador do mundo.
Um chute por cima do gol que brasileiros e italianos nunca mais iriam esquecer.

Todos Sabem o final.
Puta queo pariu.

Ver todos em casa gritando de alegria com lágrimas nos olhos não teve preço. Lembro até hoje dos momentos. Tenho
pequenos filmes guardados na minha memória. Ver o Galvão arregaçando os microfones com o Pelé com gravatinha dos Estados Unidos na hora da glória foi um momento épico.

Não sei, pode ser porque eu era pequeno, e pra mim, talvez naquela época tudo era mais simples, porém humano e porque não feliz.

Roberto Baggio garantiu tempos depois que nunca tinha isolado uma penalidade. Mas ele credita o erro há algo maior.
Senna. Morto em 94 em um acidente na Fórmula 1, no circuito de Ímola, San Marino, que diga-se de passagem, fica na Itália.
Sim, na Itália. de Baggio.
Sem uma explicação lógica para a cobrança com força desproporcional, o ex-atacante italiano "culpou" o piloto brasileiro pela conquista verde e amarela.

Palavras do próprio Baggio à uma entrevista ao Globo Esporte anos depois.

- Nunca havia cobrado um pênalti por cima do gol. Acho que foi o (Ayrton) Senna que puxou aquela bola para o alto. Acredito que foi ele que fez o Brasil vencer -

- Na hora, quis cavar um buraco para me esconder. Depois, pensei que, como o Brasil tem muito mais habitantes que a Itália, eu fiz mais gente feliz com aquela cobrança - conta o craque italiano -

- É uma ferida que nunca vai se fechar. Sempre sonhei disputar uma final de Copa do Mundo e o rival dos meus sonhos era o Brasil. Quando tive a oportunidade, desperdicei aquele pênalti -


Abaixo o vídeo do momento mais inesquecível de todas as copas do mundo na íntegra. vale a pena assistir até o final.

4 comentários:

  1. o único motivo pra vc achar que a seleção de 94 é a maior de todos os tempos só pode ser pelo fato de que na época TODO MUNDO usava cabelinho com franjinha pra frente, igual vc....hahahahaha

    e um clássico do euro-eletro-dance-brega esse vídeo do double you no xou da xuxa...melhor que isso só o dominó no programa da mara maravilha e o rodrigo faro com 18 anos encoxando a dita cuja no meio do playback!!!!

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  2. Emocionante. Uma lágrima escorreu na minha direita. Em 1994, um pouco mais velho que você, afinal nasci em 1978, comemorei um título pela primeira vez na Praça Independência em Santos.
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    E nessa mesma Copa vivi um momento muito especial. Assisti Brasil x Holanda na casa de um camarada no Gonzaga (por onde vc anda, Rodrigo Bú?). No intervalo fui com um camarada (o figuraça Sirat, que não me deixa mentir) na padaria para reabastecer a geladeira. Quem conhece a Rua Carlos Afonseca sabe que por ali há uma densidade muito grande, há muitos prédios de apartamentos e um comércio muito ativo. Mas, devido a demora no atendimento, quando voltávamos para o apê o jogo já havia reiniciado. VAZIA. A rua estava completamente VAZIA. Todas as pessoas estavam defronte as televisões. E nós correndo no meio da rua!
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    E o Brasil fez um gol! Imagine estar em um lugar com milhares de pessoas, mas você não vê NENHUMA delas! O grito de "GOL", entoado em uníssono por toda a população da cidade, ainda mais lotada devido às férias, foi como uma estocada longa, demorada, sem camisinha, em uma xoxota deliciosamente úmida e quente. Emocionante!

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  3. hahaahahahahah

    comemorou um titulo pela primeira vez com 16 anos???......emocionante...emocionante e looser também....hahahahahaha

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  4. eu comemorei com 15, a copa do brasil 95....rsrsrs....bem mais TRUE que copa do mundo....rsrsrs

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